segunda-feira, 6 de junho de 2016

Resenha GC: Chef's Table com Alex Atala

Dizem que eu me emociono por qualquer motivo. Pode até ser verdade, mas se tem uma coisa que me faz chorar, é a paixão. No ep.2, da 2ª temporada de Chef’s Table, série documental do Netflix, Alex Atala se esforça para traduz em inglês sua relação de amor e respeito aos ingredientes brasileiros. Por meio de narrativas suas e de depoimentos do chef David Chang e do crítico gastronômico Luiz Américo Camargo, Atala tem retratada a sua complexidade enquanto ser humano, e enfatizada uma de suas facetas, a do chef de cozinha idealista e desbravador da natureza.  

                                                                                                                                                                                     fotos: Divulgação
De uma maneira muito sincera e admirável, Atala declara paixão pelo Brasil, pelo Amazonas, pela culinária brasileira e por nossos ingredientes nativos. Em um País onde as pessoas não cultivam empatia sequer por seus vizinhos, Atala luta pela preservação não só da floresta Amazônica, mas da população indígena em que ali vive. E, através do Instituto ATA, gera emprego para os moradores, desenvolve produtos com base nas matéria-primas locais e faz da floresta o seu centro de pesquisa e aprendizado com as tribos indígenas.     


Em 2005, no início de sua trajetória no D.O.M., época onde, em São Paulo, apenas os restaurantes de comida italiana ou francesa eram avaliados bem. E, na qual, os chefs franceses no Brasil eram considerados deuses, Atala, que cresceu em meio à floresta e pescando o próprio peixe, decidiu que nenhum outro chef transmitiria o sabor do Amazonas para a comida tão bem quanto ele. Desenvolvendo e implementando o conceito de terroir amazônico em sua gastronomia, no qual trata os produtos nativos como iguaria. Atala projetou os sabores do Brasil, fez com que não só os brasileiros, mas o mundo respeitasse a culinária brasileira.   


Hoje em dia, Atala apresenta no D.OM. uma cozinha repleta de surpresas, provocações e rupturas. Com ingredientes nativos - muitos originários de pequenos produtores, transformados em emoções por suas mãos habilidosas. Acredito que um dos seus pilares seja o fato de que Atala abraça o conceito de consumo consciente e entende que, por trás de tudo o que é comida, existe uma morte e, apesar da maioria das pessoas fecharem os olhos para isso, devemos respeitar aquela vida, assim como a natureza, e retirar dela somente o necessário. 


Ilustrado com imagens lindas do início ao fim, o episódio inteiro transmite uma verdadeira lição de respeito à natureza. Sobre como podemos fazer para continuarmos nos alimentando, criando uma cadeia alimentar menos nociva e, assim, diminuir o impacto causado no meio ambiente. 


Orgulho de ter um representante brasileiro como o Atala nessa série que mostra os maiores e melhores chefs de cozinha da atualidade. Um cara extraordinário, fora da caixa, que olha pelos outros e pelo mundo. // 10

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